Michael Maia
No final da década de 90 a população estava
acostumada com boatos de que o ano acabaria no próximo milênio. “De 2000 não
passarás!” Fato curioso é que nesse mesmo período a TV brasileira passava por
mudanças drásticas em sua programação. Tínhamos o É O TCHAN nas tardes de
domingo junto com a piscina do Gugu. Não estou julgando a programação, mas
existia um programa de sucesso e interessantes para o público feminino, a série
Mulher, da Rede Globo.
Criada por Antonio Calmon, Elisabeth Jhin e Daniel
Filho ela carregava duas atrizes de peso como principais, Eva Wilma e Patrícia
Pillar. As duas eram médicas de uma clínica especializada na saúde feminina, e
por isso o intuito inicial era de informar e prestar um serviço ao público
feminino, ensinando prevenção de DSTs, e vários outros cuidados com o corpo da
mulher.
Eva Wilma era a Dra. Marta Correia Lopes, uma mulher
velha e bem formada, com o sucesso da carreira e mesmo assim ainda aprendendo
com a vida. Tinha 62 anos e ensinava a Dra. Cristina Brandão (Patrícia Pillar) a
lidar com as questões da profissão e até mesmo da vida. Existia uma relação
mais que de colegas de trabalho entre as duas, muitas vezes parecia que eram
mãe e filha.
Marta e Chris representavam mulheres que existiam no
cotidiano do país no final da década, trabalhadora com problemas para lidar nos
âmbitos profissional e emocionalmente.
O sucesso da série foi primordial, como eu disse em
um período onde a tv era superestimada a história de duas médicas que tratavam
de casos como estupro, violência doméstica e AIDS caiu como uma luva na
programação das quintas-feiras no horário nobre (Um comentário inútil: parece
que quintas são ótimas para seriados médicos, nos Estados Unidos E.R. passava
neste horário).
Os
personagens são fixos e médicos da clínica, exceto pelos pacientes que a cada
episódio eram diferentes. Uma atuação impecável, como sempre, era a de Cássio
Gabus Mendes, interpretando o ambicioso Afrânio Machado de Alencar, que
preconceituoso e sem se importar com os pacientes diferenciava dos outros
personagens: médicos e enfermeiros um tanto missionários.
Drama
Confesso que nessa busca por episódios na internet e
alguns assistindo pela TV no canal pago VIVA, alguns episódios são feitos para
chorar e perder um pouco a estabilidade. Como o “Cerimônia do Adeus” onde Marta
passa por um período muito complicado. Sou suspeito de falar, mas achei a
direção e o roteiro muito bons.
Curiosidades
Foi pioneiro no Brasil por utilizar câmaras de
cinema, com gravação em película e pelo processo de filmagem diferente do
utilizado em televisão. O último episódio da série, em 1999, foi gravado com
câmeras de televisão de alta definição (HDTV).
O seriado foi exibido em vários países, como Canadá,
Cuba, Eslovênia, França, Portugal, Rússia, Venezuela e China.
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Gostei e indico a você mulher, comemorando o seu dia
internacional nesta sexta-feira dia 8, baixe e assista pelo menos um episódio.
Além de tratar de histórias interessantes vale a pena lembrar que são
personagens que representaram as mulheres do final daquela década. Iniciando
uma independência e tentando mudar a imagem feminina para o próximo milênio.
E para os marmanjos também, a série se chama mulher
mas os temas tratados são de toda nossa sociedade.
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